quarta-feira, 30 de abril de 2008

Google: poderosa ferramenta acadêmica, mas também pode vir a ser dedo-duro

Nájila Cabral é professora do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (Cefet-CE). Pesquisadora acadêmica há mais de 12 anos, trabalha no Laboratório de Energias Renováveis e Conforto Ambiental, vinculado à Gerência da área de Construção Civil do Cefet. Hoje, é doutora em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Nesta entrevista, Nájila discorre sobre as vantagens e desvantagens do Google como recurso de pesquisa acadêmica e sobre sua experiência em lidar com as ferramentas do Google. A pesquisadora também dá dicas de como aperfeiçoar as buscas de conteúdos para teses, dissertações e monografias na rede. Nájila lembra ainda que os pesquisadores desonestos podem até se utilizar do Google, mas também podem encontrar sua punição por meio dele.

Por Julião Jr. e Pery Negreiros

O Google é uma ferramenta utilizada em pesquisa usualmente?

Sim. Tanto os pesquisadores professores como os pesquisadores estudantes, de iniciação científica, da graduação, mestrado e doutorado, têm utilizado as ferramentas do Google para pesquisas científicas.

Existem algumas vantagens e desvantagens. Quais são essas vantagens para os pesquisadores?

Na medida em que a gente tem uma ferramenta de busca como o Google, ela permite, dentro de toda a rede mundial de computadores, o acesso a arquivos, tanto em língua portuguesa como em outras línguas, a bancos de dados e informações existentes depositados nessa rede. O que antes de uma ferramenta como o Google ou de outras ferramentas parecidas, como esses sites de busca, a gente só tinha acesso por intermédio de periódicos nas bibliotecas. Com ele, você tem acesso a bibliotecas digitais e uma série de dados e informações que estão disponíveis.O que antes era de acesso restrito...Que antes eram restritos aos locais de acesso de maneira escrita.

Pesquisa é um negócio muito sério e todo mundo coloca o que quer na internet. Como é que a senhora utiliza o Google para ter segurança naqueles dados pesquisados por meio dele?

A gente costuma falar sempre para os alunos que devemos tomar cuidado com os instrumentos. E o Google é um instrumento, uma ferramenta. E, conforme você colocou, existem diversos sites e arquivos disponibilizados na rede, alguns com referências, outros que a gente costuma chamar de “lixo”. Então, é interessante que o aluno e o pesquisador tenham ciência que os dados com os quais eles vão se referenciar, se reportar, no Google, devem ter esse lastro cientifico. Caso contrário, eles devem ser negligenciados, deixados de lado.

Com sua experiência em bancas de mestrado e doutorado, a maioria dos alunos usa bem essa ferramenta ou está fazendo pesquisa de uma maneira errada?

A gente tem verificado junto aos alunos de iniciação científica, graduação, mestrado e doutorado que eles têm utilizado essa ferramenta como busca de artigos e teses disponíveis em bancos de dados virtuais e que, alguns, infelizmente, não têm agido de forma legítima ou legal, ou seja, fazendo cópias não autorizadas. Já tive algumas ocasiões em que alunos copiaram trabalhos que estavam disponíveis na rede – por intermédio do Google, basta colocar um assunto específico que você queira – e trocaram o nome do autor pelo nome do aluno e entregaram o trabalho. Isso é tipificado em lei como plágio.

Então, o Google é um pouco de dedo-duro nesse momento?

Assim como os alunos têm a facilidade de acessar os arquivos, os professores também têm. Então, não é tão difícil, para o pesquisador, encontrar os caminhos que os alunos encontraram para fazer download de alguns arquivos.

A senhora poderia dar algumas dicas aos alunos que estão para fazer monografia no sentido de que o Google os ajude a fazer suas pesquisas?,Pois, para muitos, é um momento meio que desesperador...

Eu gosto muito do Google acadêmico, que é uma ferramenta do próprio Google, que te dá acesso realmente a um banco de dados científico e acadêmico, com teses dissertações, artigos em periódicos e em revistas especializadas. Então, isso garante uma base de dados com critério e referência. E isso para academia é interessante. Algumas outras ferramentas disponíveis no Google, como o Google Earth, são bem interessantes para que os alunos, por exemplo, de Geografia, Arquitetura e Urbanismo, ou pessoas que trabalham na área ambiental, possam visualizar o espaço geográfico. Então, o Google te dá um leque de informações, de possibilidades, de instrumentação, que te facilita de alguma forma, mas é preciso realmente ter consciência do que se está fazendo, do que se quer, para poder ter um resultado satisfatório.

Com sua experiência, o que o Google significa para a senhora, como pesquisadora?

Facilitou bastante a vida do pesquisador, porque é um site de busca, mas que pode ser chamado de site de pesquisa. Mesmo não conseguindo ir direto para aquele endereço eletrônico desejado, a gente consegue mais ou menos uma direção para conseguir a fonte primária, como a gente costuma falar, as quais a gente está sempre em busca. Mas não apenas o Google é importante, pois existem outros sites que deveriam ser mais procurados pelos estudantes e que dão acesso, inclusive, a dados mais amplos, como o Altavista. Para o acesso a periódicos, indico aos meus alunos que procurem no Capes, onde você tem uma base de dados interessante para a área de conhecimento.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Podcast: Capacidade e Possibilidades


O Brasil parece ainda não ter descoberto o leque de oportunidades e possibilidades que um simples podcast pode proporcionar. Mesmo com a história recente da tecnologia que, iniciou em 2004, muita gente já ganha dinheiro em países como os Estados Unidos. Uma pesquisa feita pela empresa americana Emarketer aponta um total de gastos de propaganda em podcasts por volta de 80 milhões de dólares só no ano de 2006. Para este ano de 2008, a previsão é de um montante que chegue a 240 milhões de dólares. Vale ressaltar que o universo de ouvintes de podcasts nos EUA não é tão grande. Deve atingir 15 milhões apenas em 2010. Em nosso país as estimativas de público também são positivas. De acordo com o portal PodBrasil teremos uma demanda de mais de 13 milhões de usuários até 2009. Com a diminuição dos preços de equipamentos eletrônicos como players de mp3 e computadores pessoais, esse número pode se tornar ainda maior.

Como toda ferramenta de interatividade, o podcast pode proporcionar uma gama de benefícios para seus ouvintes e produtores. Entretenimento, ensino e educação são as temáticas mais pertinentes atualmente, mas uma boa idéia pode ser a da utilização em treinamento de empresas. A cada dia o funcionário recebe a atualização de seu curso de capacitação no momento em que abre a sua estação de trabalho. Um jeito rápido, fácil e simples de ser implantado e que significa redução de gastos para os empresários.

Um dos destaques do podcast é justamente a possibilidade de personalização de conteúdo. Com o avanço de tecnologias, essa tendência deve ficar ainda mais aguçada. Em breve o usuário poderá montar um programa de 60 minutos que tenha, por exemplo, 5 notícias locais, 4 nacionais e 3 mundiais, além de escolher algumas músicas e vídeo-clips. O que antes seria uma hora de um programa monotemático, ganhará as asas da imaginação do usuário.

Só nos resta esperar para vermos até que ponto tudo isso irá chegar.

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